E. Souto
Moura: Casa em Baião, 1990-1993
Localidade: Baião
Cliente: Jorge Neto
Colaboradores: Francisco Vieira de Campos
Eng.º Estruturas: José Manuel Cardoso Teixeira
Eng.º
Electricidade: Laurindo da Silva Guimarães
Construtor: Rodrigues Cardoso e Sousa, Lda.
Área
de construção: 120m2
Área
do Terreno: 21000m2
Materiais:” betão,
caixilharia francesa TECHNAL, telhas suíças da SIKA, roofmate americano da DOW,
rufos e caleiras belgas da COMPAGNIE ROYALE ASTURIENNE DES MINES, peças
sanitárias espanholas da ROCCA, torneiras italianas da MAMOLI portuguesa,
candeeiros italianos.” 1.
“A casa do Baião é um dos projectos (…) da obra inicial de Souto Moura e uma das mais ilustrativas da influência do modernismo
de Mies van der Rohe, que na obra deste arquitecto embate no orgânico, no
vernacular, na impureza e por fim na matéria mutável. Por isso essa obra ganha
um valor poético que avança com os efeitos do tempo.” 2.
1. “6 casa: houses”, Em Architéti nº 21, AnoV- Nov/Dez/Jan, (página
22)
“Recuperar uma ruína para casa de
fim-de-semana com dimensões mínimas, foi o pedido do cliente. Consolidar a
ruina como jardim fechado e fazer a casa ao lado foi a base do projecto.”3.
Características
do contexto de intervenção e modo como o projecto lhes responde
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Souto de Moura preocupou-se que esta casa se
relacionasse com a natureza direccionando-a dessa forma para a paisagem, visto
que esta se encontra na encosta do Rio Douro.
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3. ANGELILLO, António; PAIS, Paulo; “Eduardo Souto Moura”; Lisboa:
Editorial Blau Lda., 1996, (Edited by Luiz Trigueiros), (página de 150).
A ruína manteve-se assim inalterada, no que
diz respeito à relação com a sua envolvente.
Vista Exterior da Casa
A fachada é o plano de excepção, e é
constituída por um extenso plano de vidro, que, para além de criar o acesso à
“caixa”, favorece a casa com uma óptima luz solar, pois este pano encontra-se orientado
a Sul, e oferece uma panorâmica do interior da “caixa” sob o vale e o rio.
O plano da cobertura baseia-se no tema da
“cobertura ajardinada”, que neste caso é a continuidade do terreno que serve de
camuflagem. Esta solução construtiva também traz benefícios nas características
térmicas pois permite à casa ter uma temperatura constante. O solo conserva a
temperatura ajudando a aquecer ou a arrefecer o espaço interior de uma forma
natural.
A fachada, que resulta da organização do
espaço interior da casa, perde algum destaque perante o extenso muro de pedra,
daí ser um plano mais recuado. Este muro é um elemento fundamental à leitura do
projecto, pois é nele que se inserem os elementos construtivos, acabando assim
por se tornar uma moldura natural do local.
Na zona frontal da fachada existe um terraço
com algumas árvores em seu redor que oferecem algum conforto e protecção
natural, protegendo a fachada da luz solar em excesso.
Estas ajudam a ocultar um pouco a fachada,
retirando-lhe algum destaque. A casa foi pensada de forma a “esconder” a
intervenção humana na sua implantação, razão pela qual a cobertura ser em terra
vegetal.
Assim
verificamos que o antigo e o novo relacionam-se entre si e vivem em harmonia
com a paisagem
Lógica
funcional e espacial da planta
A
casa em Baião contém apenas um piso, constituindo uma planta rectangular numa
envolvente bastante ampla. Os seus planos são disfarçados pela terra sobre a
cobertura enquadrando-a assim no meio natural.
O plano frontal baseia-se no tema do vidro e
do alumínio contrastando-o assim com o muro de blocos de pedra (granito –
material abundante no norte do país) existente no terreno.
Nesta
planta podemos verificar que a casa é composta por elementos autónomos e
desenvolve-se a partir da ruina e do muro existente, ambos de pedra. Este muro
foi seccionado dando lugar a um plano de vidro, mas este não desapareceu do
lugar, simplesmente foi rodado num angulo de 90º, ficando assim a fazer parte
do interior da casa, dividindo o espaço comum do espaço privado.
Planta
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Lógica
funcional e espacial do corte
No
que diz respeito à materialidade, podemos verificar que os planos da casa são
individuais perante a escolha dos materiais, a sua fachada tem um carácter
transparente devido à fachada envidraçada, que por sua vez cria uma ligação do
espaço interior com o exterior, o plano do fundo é composto por armários de
madeira, os planos laterais vivem da presença da pedra, o plano do tecto é
revestido por reboco e o seu pavimento único é composto por tijoleira cerâmica
oferecendo uma uniformidade ao piso único da casa.
Neste corte podemos ainda observar a
presença de clarabóias, elementos com essenciais neste projecto.
Corte
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Aspectos
do projecto mais próximos dos modelos canónicos do Movimento Moderno
Podemos afirmar que o projecto possuiu
características do Movimento Moderno. Como anteriormente verificámos, este transmite
a influência de Mies van der Rohe (um arquitecto inserido no âmbito do
Movimento Moderno) na obra de Eduardo Souto de Moura.
Resumindo, toda a lógica funcional, os planos
de vidro, o Reducionismo Formal obtido
na “elementaridade geométrica das massas de construção e dos espaços, na
depuração genérica da forma” (Ledoux) e o Reducionismo
Construtivo com planta e fachada livres são típicos do modernismo na
Arquitectura. Também o facto de se apresentar como uma obra discreta (por não
se destacar no território onde está inserida) lhe confere a proximidade ao
Movimento Moderno.
Aspectos do
projecto que mais se distanciam dos modelos canónicos do Movimento Moderno

Pormenor
do interior da casa
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Bibliografia
[Livro] Università della Svizzera
Italiana, “Eduardo Souto de Moura, Temi
di Progetti - Themes for Projects”;
USI/Skira; 3 i Cataloghi dell’Academia di architettura; 1998 (páginas 40, 90 a
93);
[Livro] ANGELILLO, António; PAIS, Paulo; “Eduardo Souto Moura”; Lisboa; 1996; Editorial Blau Lda., (páginas de 148 a 151), (Edited by Luiz Trigueiros);
[Livro] ANGELILLO, António; PAIS, Paulo; “Eduardo Souto Moura”; Lisboa; 1996; Editorial Blau Lda., (páginas de 148 a 151), (Edited by Luiz Trigueiros);
[Livro] ESPOSITO, António; LEONI, Giovanni;
“Eduardo Souto de Moura”; GG, 2003, Milão, (página 132 a 135);
[Revista] Architéti nº 21; “6 casa:
houses”, (páginas 22 a 27) AnoV- Nov/Dez/Jan;
[Revista] “Arquitectos nº67” (página
13)
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